Assim como a família Dinossauro, os Simpsons ou qualquer família parodiada da TV, a minha família também se reúne em frente a TV para passar tempo juntos. Este é um programa recorrente da quarentena a noite quando estamos todos com o dia de trabalho encerrado, pós janta. E aí algumas coisas já assistimos juntos e comentamos sobre o assunto ou fizemos piadas internas. Vários episódios de Star Trek depois e vários Duros de Matar, também assistimos alguns filmes da época do sintetizador eletrônico, A História Sem Fim e o filme que eu quero comentar aqui, O Labirinto.
O Labirinto fala de uma história
de fantasia, sobre uma adolescente, Sarah, que tem que ficar em casa com o
irmão bebê que chora muito, e por isso, ela pede ao rei duende do livro que
está lendo que o leve embora. Um risco operacional de ser irmão mais novo. Para
resgatar o irmão, Sarah tem que atravessar um labirinto e passar por várias
provações para chegar ao castelo do rei duende que fica no centro. Quando entra
no labirinto, ela olha para os dois lados e decide por um deles que percorre
sem achar nenhum canto qual virar, apenas um corredor reto. Desesperada por não
ter saída, ela se senta encostada em uma das paredes onde vê uma lagarta.
Nessa parte eu falei: “Ah lá,
igual Xuxa versus Baixo Astral!” – E assim foi em várias outras partes do
filme.
Enfim, a lagarta diz a Sarah para
que ela siga contra a parede, que ali havia mais de um caminho. A Sarah não
acredita muito, mas ela tenta. Só quando ela passa pela parede ela começa a enxergar
os cantos do labirinto como ele realmente é. É uma parábola clichê, mas os
clichês às vezes são bem eficazes não é mesmo? Eu tenho uma amiga que diz que o
óbvio tem que ser dito. Claro, porque até o óbvio é um ponto de vista.
A gente constrói o nosso
pensamento normalmente das coisas que vivemos, dos nossos aprendizados, das
pessoas que conhecemos. Como meio de prevenir a nossa segurança, tentamos
também prever o que pode acontecer e assim poder pensar em maneiras de agir nas
situações. Isso gera mil expectativas sobre o futuro.
Sarah esperava que o labirinto fosse
eterno e por isso não encontrava saída logo no começo. Precisou de uma lagarta
para alertá-la que as coisas são alheias a expectativa. Se ela mantivesse seu pensamento
inalterado, e não pensasse nas demais opções, ela continuaria a correr sem
parar no mesmo sentido.
O que vejo hoje é que muitos conflitos acontecem
por causa das expectativas. Esperar que as pessoas sejam empáticas, esperar que
as pessoas entendam pelo que passamos, esperar que as pessoas saibam do que eu
estou falando, querer que as pessoas nos deem atenção. É tudo uma questão de
expectativa. Sendo que cada um tem uma expectativa própria o mundo vai ficando
fechado e fechado.
Mas como achar os outros caminhos
no labirinto? De repente olhar um pouquinho por outro ângulo, ou se precisar
encostar a mão na parede perguntando o que realmente é real e o que realmente
existe por traz do que esperamos. Não é fácil, nem indolor, mas talvez nos poupe
de perder um tempo percorrendo o mesmo caminho sem nunca achar uma saída ou de
ficar parado no mesmo lugar.
Quem sabe a gente não chegue ao
objetivo e possa pedir o autógrafo do rei duende David Bowie.
Eu errei o prazo quando achei que era até dia 15, mas pelo menos é um atraso menor do que a semana passada hahaha. Mas tenho ficado feliz em poder voltar a escrever. Meus agradecimentos novamente a Aline Valek e a Gabi Barbosa pelo incentivo.
Abaixo, o tema da semana.
tema de 8 a 14.11: espadas
O naipe de espadas diz sobre algo que acontece no plano mental: a racionalidade, a ideologia, a verdade. Mas também fala sobre os problemas que só existem na nossa cabeça, que tanto nos pressionam e criam grandes conflitos internos. Que tal falarmos mais sobre isso? Publique no seu blog e participe da blogagem coletiva: #estacaoblogagem.